22 de agosto de 2004
A seguir reprodução na integra de uma parte de um documento de pesquisa técnica da Embrapa semi-árido:
"O capim Gramafante foi introduzido na região em 1987, precedido de grande divulgação, muitas vezes superestimando-se as características e os benefícios que a referida gramínea poderia possuir e proporcionar aos animais.
Levou-se a público ser o capim gramafante um híbrido resultante do cruzamento das espécies Pennisetum purpureum com Paspalum sp., obtido em 1965 pelo padre Jesuíta José Bernal Restrepo, na localidade de La Esperança Cundinamarca, na Colômbia (Sacchet et al., 1987).
Visando a elucidação dessas informações existentes também no sul do Brasil e, ainda, a obtenção de dados taxonômicos, consultores e pesquisadores da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul realizaram o estudo citológico do capim gramafante, juntamente com algumas cultivares de capim elefante, nas quais verificaram o número cromossômico e o comportamento meiótico. Foi realizada a análise de 381 células-mães de pólen, incluindo-se, além do gramafante, as cultivares Anacreonte, Gold Green, Markeron Pinda, Merker 89, México, Pelotas, Taiwan A 246 e Taiwan A 146. O número cromossômico encontrado foi 2n=28, sendo o comportamento meiótico predominante regular, com exceção da Gold Green e Pelotas. Assim, comprovou-se que o capim Gramafante é uma cultivar de Capim Elefante (Sacchet et al., 1987).
Outros trabalhos realizados recentemente comprovam este resultado. Passos & Vidigal (1994), num trabalho de separação de 60 acessos de Capim Elefante com base em padrões de proteína obtidos em SDS-PAGE, verificaram ser o Gramafante pertencente ao mesmo grupo dos acessos Cachoeiro do Itapemirim, Kizozi, Min X239-DA-2, Mole VGX23-A, Mott e Roxo. Passos et al. (1994), num outro estudo para separação de acessos de capim elefante com base no teor de DNA genômico, medido por citometria de fluxo, verificaram que os 21 acessos estudados formavam 14 citotipos distintos distribuídos em ordem
crescente do teor de DNA e que o acesso Gramafante formou o 11 o citotipo.
Tendo em vista a grande demanda de informações sobre o Capim Gramafante, foi realizado, na Embrapa Semi-Árido, um trabalho de pesquisa visando comparar agronomicamente esta cultivar com outras já conhecidas na região: a Elefante Roxo e a Cameroon."
Nas conclusões do citado documento:
"Com base nos resultados obtidos por meio dos parâmetros avaliados, pode-se concluir que o Capim Elefante cv. Gramafante é uma forrageira com grande potencial produtivo e qualitativo. Seu elevado índice de perfilhamento eleva também o valor protéico da forragem devido ao maior conteúdo de folhas
que contém os maiores índices protéicos. Sua grande capacidade de entouceiramento, além de ser fator de resistência ao pisoteio de animais pesados, ainda favorece o pastejo, pois permite um padrão de utilização pelos animais mais uniforme do que as cultivares com altos índices de caule, que endurecem mais rápidos quando não são pastejados uniformemente. Entretanto, vale salientar que, devido às inúmeras variáveis a que as plantas são normalmente submetidas pelos fatores naturais, como clima, solo, pragas e doenças, a adoção desta cultivar não deve ser excludente de outras que possuam grandes potenciais forrageiros. É sempre recomendável se diversificar a produção forrageira com duas ou mais cultivares ou espécies, ao mesmo tempo, para que se possa alcançar uma maior estabilidade na produção de forragem e, consequentemente, no desempenho geral do rebanho, que é o objetivo final da exploração pecuária"
Devemos sempre ter em mente que não existe "o melhor capim", mas sim o capim mais indicado para uma região (solo/clima/umidade), nível tecnológico de exploração ( nível de produção, adubação, irrigação, técnicas de manejo ) e categoria animal a que se destina.
Por exemplo: na minha região um capim elefante melhorado pela Embrapa, a cultivar Pioneiro, se mostrou mais produtiva, nutritiva e resistente ao pastejo do que a cultivar Gramafante em mesmas condições de exploração. Em minha propriedade, por exemplo, tenho 2 cultivares implantadas: o híbrido interespecífico Paraíso e a cultivar Mineirão; este é muito mais produtivo, nutritivo e palatável que o Paraíso, nas minhas condições de exploração!
Se puder ser útil em mais alguma coisa, estou à disposição.
Cordialmente,
Helio Cabral Jr