25 de agosto de 2004
Caro sr. Rodrigo,
O sr. tem toda razão! O pasto maralfalfa é uma cultivar de pennisetum purpureum (pasto elefante) com grande potencial produtivo, principalmente nas regiões próximas à linha do equador, já que como uma gramínea C-4, é uma das mais eficientes em aproveitamento de luminosidade. Caso seja implantada em um solo corrigido com calcáreo ou escória de alto-fornos (agrosilicio/silicato de cálcio), de modo a se elevar a saturação de bases ao redor de 70%, com a neutralização do alumínio tóxico, aplicação de pelo menos 100 kg de P2O5 (500 kg de superfosfato simples ou um misto deste com fosfatos reativos de rocha natural) nas linhas de plantio por ha, e pós 30 dias de emergência das plantas aplicar em cobertura 50 kg de N e K e depois de mais 50 dias aplicar mais 50 kg de N e K, e mais 50 kg de N e K pós cada corte (acredito que nas condições destas regiões deve ser possível conseguir até 6 ou 7 cortes por ano), e principalmente NÃO se usando o manejo de corte da cana de açucar, que é rente ao solo, pois os capins-elefante ao contrario do que a maioria dos produtores rurais acreditam, é muito mais produtivo com cortes realizados de 20 a 50 cm do solo dependendo da cultivar. Com estas simples recomendações de manejo, é plenamente possível atingir de 45 a 55 toneladas de materia seca por ha/ano, com algo em torno de de 11 a 13% de proteina na materia seca da planta toda (colmo/talo + folhas), o que por sí só é o suficiente para produzir SEM suplementação energética, cerca de 10 a 12 kg de leite por animal dia (lógico que um animal com potencial genético para tal, tipo um meio sangue zebu leiteiro (gir, guzerá) com holandês, pardo suiço, gersey, que dá um F1 produtivo e rústico).
Agora, como eu costumo brincar, é um pasto muito exigente e que não aceita desaforo: ele produz muito, mas retira muito da terra, e isto deve ser reposto, e só adubo natural (esterco de curral) não é o suficiente para se manter altas produções, sob pena do pasto degradar e o produtor se decepcionar com o mesmo.
Vi alguns comentários acerca de diarréias em animais... isso provavelmente se deu por introduzir esta forrageira de uma só vez na alimentação de animais acostumados à dietas mais fibrosas ou com maiores conteúdos de materia seca, mas com um curto período de adaptação isto se resolve. Ou então esta forrageira foi cortada com menos de 50 dias de crescimento (devido à seu vigor) e consequentemente com proteina mais alta, mas com muito maior conteudo de água e pouca materia seca; se for este o caso o simples fato de cortá-la com alguns dias à mais de crescimento corrige o problema.
Quanto a se fazer silagem desta forrageira, este recurso só deverá ser usado em último caso (mal dimensionamento da capineira e sobra excessiva de forragem), já que a ensilagem de pastos como os elefantes em geral, mombaça e tanzânia, além de produzirem uma silagem de qualidade muito inferior ao sorgo e milho, e portanto não deveria ser fornecida à rebanhos de leite (animais mais exigentes), ainda apresenta muita dificuldade técnica, devido aos seus baixos teores de materia seca quando se apresentam mais nutritivos. Recursos utilizados como deixar aumentar a maturação, pré-secagem, adição de milho moido, melaço de cana, etc, para aumentar a materia seca e os açucares para se obter uma fermentaçao uniforme, são custosos e não se mostram tão eficientes, além do que, mesmo técnicos experientes e sob condições controladas de instituições de pesquisa, não conseguem uniformidade na qualidade da ensilagem de pastos ano a ano!
Talvez a ensilagem de cana de açucar com adição de fosfato bicálcico e posterior acrescimo (ao se fornecer aos animais no cocho, pre misturando antes) de uréa, seja uma opção mais vantajosa como fonte de volumoso conservado para alimentar vacas leiteiras com a devida suplementação!
Cordialmente,
Helio Cabral Jr